Membro: IBA MENDES
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Das inúmeras cousas que podem ser definidas sem juízo de valor como medíocres , uma delas, sem dúvida, diz respeito à ojeriza que se tem pelos livros. Tanto o ateu que despreza a Bíblia, quanto o religioso que rejeita Nietzsche, ambos estão de mãos dadas em suas visões restritas do mundo e da vida rumo a um horizonte igualmente restrito. Sim, porque não será lendo a Bíblia que me torno religioso, nem será lendo Nietzsche que converterei ao ateísmo! Atitudes desta natureza revelam, entre outras cousas, medo e revolta. Medo de ser “cotaminado” (ou influenciado) e revolta pelo fato de seus mundinhos não se encaixar nos seus “objetos” de ódio!____
Pessoalmente, penso que para o cristão, HOJE, o maior teste para sua fé não consiste em ser jogado entre os leões, ser torturado ou ficar à merce de uma “proposta indecente!” O maior prova, nesta minha grosseira concepção, seria ler (ou ouvir) sobre tudo aquilo que contraria minha fé, e ainda assim não duvidar dela. Não estou me referindo obviamente a convicções pessoais, baseadas em interpretações igualmente pessoais. Refiro-me à fé, simplesmente!
No que concerne aos ateus, quando vejo um deles, por exemplo, despendendo seu valioso tempo em busca de “contradições” na Bíblia, logo me vem à mente os grandes escritores que fizeram a história da literatura universal, como Goethe e Camões, os quais deliciaram-se com as maravilhosas histórias bíblicas, transpondo-as para suas belíssimas obras. Meu Deus, tanta mediocridade!
Não vejo menos mediocridade naquele religioso que, por puro preconceito ou infundado temor, rejeita, por antecipação, a leitura de qualquer que seja o livro escrito por um ateísta! Meu Deus, tanta mediocridade!
Em relação às Escrituras, é deveras freqüente encontrar as mais variadas posições teológicas sobre seu conteúdo. Todavia, qualquer pessoa minimamente descompromissada com a ideologia materialista, não estudará a Bíblia em busca de “contradições”; antes tentará encontrar nela distintas interpretações!
Por exemplo, muito se tem discutido acerca da temática do livro bíblico Cânticos dos Cânticos (ou Cantares de Salomão). Os cristãos, de um modo geral, crêem tratar-se de uma alegoria, na qual a noiva, a Sulamita, simboliza a Igreja, enquanto que o amado, talvez Salomão, representa o Noivo da Igreja, ou seja, Cristo. Os judeus, por sua vez, acreditam que a noiva é a figura de Israel, ao passo que o noivo reproduz a imagem de Deus. Já os literatos, os que se inclinam às letras, apenas vêem neste livro um poema de amor entre um homem e uma mulher num enlace amoroso. Nada mais ou muito pouco mais que isso!
É claro, a questão da “interpretação” em muitos casos tem sido usada de maneira tendenciosa, a fim de prestigiar ou desprestigiar um pensamento em detrimento de outro.
Por exemplo, muito se tem discutido acerca da temática do livro bíblico Cânticos dos Cânticos (ou Cantares de Salomão). Os cristãos, de um modo geral, crêem tratar-se de uma alegoria, na qual a noiva, a Sulamita, simboliza a Igreja, enquanto que o amado, talvez Salomão, representa o Noivo da Igreja, ou seja, Cristo. Os judeus, por sua vez, acreditam que a noiva é a figura de Israel, ao passo que o noivo reproduz a imagem de Deus. Já os literatos, os que se inclinam às letras, apenas vêem neste livro um poema de amor entre um homem e uma mulher num enlace amoroso. Nada mais ou muito pouco mais que isso!
É claro, a questão da “interpretação” em muitos casos tem sido usada de maneira tendenciosa, a fim de prestigiar ou desprestigiar um pensamento em detrimento de outro.
Os comunistas, por exemplo, vêem Cristo apenas como um líder reacionário, o qual se opôs ao sistema do seu tempo; outros, por sua vez, o concebem como um homem iluminado ou um profeta apenas, e há, obviamente aqueles que o tomam como Salvador da Humanidade!
Na Literatura, um exemplo diz respeito ao polêmico escritor austro-alemão Franz Kafka (1883-1924). Uns viam nele um pensador metafísico; outros, um profeta do absurdo; Camus e Sartre o imaginava como a síntese da incongruência do existir; psicólogos acreditaram que sua obra era resultado de sua relação com um pai autoritário e na sua própria condição de celibatário; marxistas entendiam seus escritos como a suma do caos burguês; os surrealistas o colocou na esfera do fantástico; há ainda os que vêm nele um lunático, vítima de sua neurose religiosa.
No que tange aos textos literários, com mais ênfase na Poesia, em se tratando da “interpretação”, sempre reina o subjetivismo de quem o analisa, de modo que é comum reduzir-se a existência à própria existência. Assim, num mesmo texto pode-se encontrar uma gama variada de temas: amor, morte, felicidade, guerra, traição, os dissabores da vida etc.
Em muitos casos, o instante emocional do leitor, também pode ser decisivo para uma conclusão sobre o conteúdo da obra. Esse fato é deveras corriqueiro com os textos bíblicos. Muitos, vivendo uma situação desfavorável na vida, quando atingidos pelas procelas do existir, usam e abusam das interpretações, e de tal forma que em muitos casos, essas divagações pessoais acabam se transformando em “verdades”, com as quais se explica a banalização e proliferação de “igrejas!”
Na Literatura, um exemplo diz respeito ao polêmico escritor austro-alemão Franz Kafka (1883-1924). Uns viam nele um pensador metafísico; outros, um profeta do absurdo; Camus e Sartre o imaginava como a síntese da incongruência do existir; psicólogos acreditaram que sua obra era resultado de sua relação com um pai autoritário e na sua própria condição de celibatário; marxistas entendiam seus escritos como a suma do caos burguês; os surrealistas o colocou na esfera do fantástico; há ainda os que vêm nele um lunático, vítima de sua neurose religiosa.
No que tange aos textos literários, com mais ênfase na Poesia, em se tratando da “interpretação”, sempre reina o subjetivismo de quem o analisa, de modo que é comum reduzir-se a existência à própria existência. Assim, num mesmo texto pode-se encontrar uma gama variada de temas: amor, morte, felicidade, guerra, traição, os dissabores da vida etc.
Em muitos casos, o instante emocional do leitor, também pode ser decisivo para uma conclusão sobre o conteúdo da obra. Esse fato é deveras corriqueiro com os textos bíblicos. Muitos, vivendo uma situação desfavorável na vida, quando atingidos pelas procelas do existir, usam e abusam das interpretações, e de tal forma que em muitos casos, essas divagações pessoais acabam se transformando em “verdades”, com as quais se explica a banalização e proliferação de “igrejas!”
E, para finalizar, faço estas pertinentes indagações:
- Até que ponto o conteúdo bíblico reflete nossas posições teológicas?
- Qual teologia melhor reflete o conteúdo do Livro Santo?
- Por que minha posição “interpretativa” da Bíblia é a mais correta teologicamente? Ou, qual é a mais correta teologicamente?
- Até que ponto nosso entendimento da Bíblia não é reflexo do mundo que nos rodeia, do contexto temporal no qual vivemos, da cultura em que estamos inseridos, dos valores pessoais os quais cultivamos, daquilo que acreditamos ser moralmente correto?
- Será, enfim, que a nossa forma de vivenciar a espiritualidade, muito mais do que refletir os valores bíblicos, não são frutos de nossa maneira pessoal de encarar e entender a vida, hoje?
- Será que não estamos ignorando fatores espirituais específicos os quais, no seu devido contexto cultural e temporal, sobressaem às nossas teologias, às nossas doutrinas, às nossas regras, à nossa moral, à nossa forma de encarar o certo e o errado, à nossa vil e mesquinha mediocridade?
É isso!
- Até que ponto o conteúdo bíblico reflete nossas posições teológicas?
- Qual teologia melhor reflete o conteúdo do Livro Santo?
- Por que minha posição “interpretativa” da Bíblia é a mais correta teologicamente? Ou, qual é a mais correta teologicamente?
- Até que ponto nosso entendimento da Bíblia não é reflexo do mundo que nos rodeia, do contexto temporal no qual vivemos, da cultura em que estamos inseridos, dos valores pessoais os quais cultivamos, daquilo que acreditamos ser moralmente correto?
- Será, enfim, que a nossa forma de vivenciar a espiritualidade, muito mais do que refletir os valores bíblicos, não são frutos de nossa maneira pessoal de encarar e entender a vida, hoje?
- Será que não estamos ignorando fatores espirituais específicos os quais, no seu devido contexto cultural e temporal, sobressaem às nossas teologias, às nossas doutrinas, às nossas regras, à nossa moral, à nossa forma de encarar o certo e o errado, à nossa vil e mesquinha mediocridade?
É isso!
O debate segue neste link do Orkut:
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=26796515&tid=2596065434211139306
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