sábado, 11 de julho de 2009

Desmistificando Darwin: Patrick Matthew

Membro: IBA MENDES
____
”A originalidade pura é uma ilusão”, escreve Stephen Jay Gould em “O Sorriso do Flamingo”, complementando que: ” todas as grandes idéias foram pensadas e expressadas antes que um descobridor convencional as proclamasse. Copérnico não inverteu o movimento celeste sozinho, e Darwin não inventou a evolução”.

E, para decepção das “viúvas de Darwin” (refiro-me àqueles que, mesmo após 100 anos da morte do naturalista, ainda não tornaram a contrair “novas núpcias”, isto é, ainda mantêm-se apegados ao “velho” Darwin, em “luto” perene), continua Gould:

Todos os especialistas sabem que vários cientistas destacados — Lamarck, em particular — desenvolveram elaborados sistemas de pensamento evolutivo antes de Darwin. Muitos supõem, no entanto, que Darwin foi o verdadeiro criador da sua própria teoria específica de como a evolução ocorreu — a teoria da seleção natural.No entanto, segundo a sua própria e tardia confissão (no prefácio histórico acrescentado a edições posteriores da Origem das espécies), Darwin admitiu que dois autores o haviam precedido na formulação do princípio da seleção natural”

Um dos predecessores de Darwin, de acordo com Gould, foi o naturalista e fruticultor escocês Patrick Matthew, que, em 1831 publicou a sua versão da seleção natural, denominada “Naval Timber and Arboriculture”.

O mesmo Gould faz menção de uma carta na qual o próprio Darwin recenhece que Matthew o havia antecipado em vários pontos. Ei-la:

Fiquei muito interessado no comunicado do sr. Patrick Matthew, no número do seu jornal datado de 7 de abril. Reconheço francamente que o sr. Matthew antecipou em vários anos a explicação que ofereci da origem das espécies sob o nome de seleção natural. Acho que não será motivo de surpresa para ninguém que nem eu, nem, aparentemente, qualquer outro naturalista, tenha ouvido falar dos pareceres do sr. Matthew, considerando-se a brevidade com que são expostos e o fato de terem surgido no apêndice de uma obra sobre madeira para construção naval e arboricultura. Nada mais posso fazer, além de oferecer as minhas desculpas ao sr. Matthew pela minha completa ignorância a respeito da sua publicação. Se for pedida outra edição da minha obra, publicarei uma nota com tal propósito.


Talvez os darwinistas mais, digamos, apaixonados, sintam-se frustrados por saber que seu ídolo não fora asssim, digamos, tão maravilhosamente original. Darwin não elaborou sua teoria à bordo do Beagle. Na verdade, como bem o diz Gould, ele embarcou criacionista e voltou como tal. Seu livro “A Origem as Espécies” foi o resultado do acúmulo de inúmeros conceitos relacionados que já bem antes eram conhecidos. Na verdade, o conceito de “evolução” já eram empregados na antiga grécia. Muitos estudiosos, por exemplo, apontam os gregos Empédocles (que viveu de 490 a 430 a.C.) e Heráclito (que morreu por volta de 480 a.C.) como aqueles que primeiro conceberam a idéia de evolução. Portanto, como diz o sábio Salomão: “Nada há de novo sobre a terra!”

É bem verdade que, quando se abandona a “paixão desvairada”, o movimento impetuoso da alma, o gosto muito vivo, a acentuada predileção pelo grande ídolo, um sentimento de frustração e decepção pode ferir o coração. Não sei como os sociobiologistas explicariam isto, mas talvez Freud enfie aí o seu “Édipo” ((rs)).

É isso!

Nenhum comentário:

Postar um comentário