Membro: IBA MENDES
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Não, não pensem que Edir Macedo bebeu em Darwin para construir seu império financeiro. Absolutamente!_____
Para um ultradarwinista, colocar Darwin num mesmo paralelo com o bispo da Igreja Universal, é o cúmulo de todas as heresias. Um absurdo!
- É o desespero criacionista, diriam os mais exaltados!
- É a obsessão recalcada pseudo-religiosa de sempre, diria um ou outro mais apegado ao naturalista.
Bem. Embora não faça sentido algum imaginar que Edir Macedo tenha feito uso do “A Origem das Espécies” para elaborar seu Estatuto Doutrinário, em alguns aspectos é perfeitamente possível fazer um confronto ideológico entre ambos, pelo menos em âmbitos específicos. Por exemplo:
A LÓGICA DO CAPITAL
Em seu livrinho “O que é Darwinismo”, o darwinista Nélio Bizzo faz uma declaração interessante acerca do naturalista inglês Charles Darwin:
“Não era só o mecanismo da seleção natural que reproduzia os elementos essenciais da sociedade inglesa. No darwinismo original, como vimos, as vantagens adquiridas por indivíduo eram herdadas pelos descendentes. Darwin não entendia nada de herança biológica, mas no outro tipo de herança era ‘expert’. Tinha recebido verdadeira fortuna do pai (cerca de 250 mil dólares). Mesmo sem nunca ter trabalhado, conseguiu ampliá-la e seu destino era certo. Seus filhos a herdariam. O conceito de propriedade estava profundamente arraigado em Darwin e na sociedade em que vivia.
A teoria evolucionista baseia-se fundamentalmente na suposição de que os organismos evoluem porque se adaptam às condições do ambiente. Pode haver visão mãos cômoda para um jovem burguês almofadinha, interessado em manter a disciplina de seus empregados? (p. 56).
A lógica de Darwin, segundo Bizzo, era a lógica do capital. Trata-se, portanto, da mesma lógica do bispo Edir Macedo, que, em cerca de 30 anos conseguiu montar um verdadeiro “império econômico”, no qual está incluído um dos maiores conjuntos de empresas de comunicação do país.
No que concerne, por exemplo, à viagem de Darwin no Beagle, de acordo com Bizzo:
” “Sua tarefa parecia consistir em observar, reconhecer os ambientes economicamente importantes para a Coroa Inglesa. Já naquela altura as matérias-primas eram cada vez mais necessárias para um país que passava por uma revolução industrial” (p.52). Segundo o mesmo Bizzo: “A viagem de Charles Darwin ao redor do mundo não era movida por interesses ‘filantrópicos”, como ele próprio pensava. A Coroa inglesa tinha grande interesse no extremo sul da América. Incentivava clandestinamente a independência da Argentina. Tinha conquistado pela força as Ilhas Malvinas, mudando seu nome para Falklands. Explorava a zona litorânea, mapeando cuidadosamente a costa. Tinha interesse em manter relações amistosas e comerciais, com os nativos ou colonos, onde já existiam” (p. 46).
Sim, é claro!
Para quem imagina que Darwin foi apenas e tão somente “um ilustre cientista inglês que revolucionou o pensamento biológico no fim do século XIX, o qual juntou-se ao navio de pesquisa Beagle, como naturalista e geólogo, para uma longa viagem ao redor do mundo, da qual coletou inúmeras informações que o levou a escrever a obra a qual serviu como base à Teoria da Evolução”, tais ponderações do biólogo Bizzo caem no mesmo âmbito da heresia. Todavia, faz-se mister realçar essa outra pertinente declaração deste professor da USP:
” “Sua tarefa parecia consistir em observar, reconhecer os ambientes economicamente importantes para a Coroa Inglesa. Já naquela altura as matérias-primas eram cada vez mais necessárias para um país que passava por uma revolução industrial” (p.52). Segundo o mesmo Bizzo: “A viagem de Charles Darwin ao redor do mundo não era movida por interesses ‘filantrópicos”, como ele próprio pensava. A Coroa inglesa tinha grande interesse no extremo sul da América. Incentivava clandestinamente a independência da Argentina. Tinha conquistado pela força as Ilhas Malvinas, mudando seu nome para Falklands. Explorava a zona litorânea, mapeando cuidadosamente a costa. Tinha interesse em manter relações amistosas e comerciais, com os nativos ou colonos, onde já existiam” (p. 46).
Sim, é claro!
Para quem imagina que Darwin foi apenas e tão somente “um ilustre cientista inglês que revolucionou o pensamento biológico no fim do século XIX, o qual juntou-se ao navio de pesquisa Beagle, como naturalista e geólogo, para uma longa viagem ao redor do mundo, da qual coletou inúmeras informações que o levou a escrever a obra a qual serviu como base à Teoria da Evolução”, tais ponderações do biólogo Bizzo caem no mesmo âmbito da heresia. Todavia, faz-se mister realçar essa outra pertinente declaração deste professor da USP:
“Quando proponho uma aproximação crítica de Darwin muitas pessoas são levadas a tomar-me como um mero oportunista, uma vez que ele não está mais aqui para se defender. Acho que esta interpretação é por demais simplista.
Essas mesmas pessoas se espantam em saber que eu fiz uma verdadeira peregrinação jesuítica aos lugares em que Darwin viveu. Fui a Shrewsbury, entrei no quarto onde ele nasceu (a casa é uma repartição pública hoje em dia) visitei a escola onde estudou, o castelo medieval que existe diante dela, fui a Edimburgo, conheci a faculdade de Medicina, o estuário do rio Forth, onde ele fazia coletas assistido pelo professor Grant, um lamarckista fanático que depois se tornaria deputado revolucionário em Londres, além de sua escola em Cambridge, o Christís College, seus aposentos, sua segunda casa em Londres (a primeira delas, onde teve a ideia da seleção natural, foi demolida para a construção da garagem de um supermercado), sua casa em Downe, etc. Enfim, um roteiro de uma verdadeira macaca de auditório.
Além disso, meu projeto de doutorado me levou a trabalhar com seus manuscritos originais, com sua biblioteca pessoal, seus escritos íntimos e até mesmo os de sua esposa, Emma, em Cambridge, Londres e Downe”.
Tenho anotadas as datas das menstruações de Emma por um período de mais de dez anos antes dela ter tido seu último filho. Ser um fã não significa ser um adulador, um cego do ponto de vista intelectual. Defendo uma aproximação crítica, procurando compreender o autor dentro do contexto que ele viveu, em sua época, com seus valores. Isso não significa que eu deva compartilhá-los, à moda de alguns de seus admiradores, como Robert Wright" (“Darwinismo, ciência e ideologia”. In: “Pesspectivas em Epistemologia e História das Ciências” - Universidade Estadual de Feira de Santana, 1997, p. 147, 148).
Essas mesmas pessoas se espantam em saber que eu fiz uma verdadeira peregrinação jesuítica aos lugares em que Darwin viveu. Fui a Shrewsbury, entrei no quarto onde ele nasceu (a casa é uma repartição pública hoje em dia) visitei a escola onde estudou, o castelo medieval que existe diante dela, fui a Edimburgo, conheci a faculdade de Medicina, o estuário do rio Forth, onde ele fazia coletas assistido pelo professor Grant, um lamarckista fanático que depois se tornaria deputado revolucionário em Londres, além de sua escola em Cambridge, o Christís College, seus aposentos, sua segunda casa em Londres (a primeira delas, onde teve a ideia da seleção natural, foi demolida para a construção da garagem de um supermercado), sua casa em Downe, etc. Enfim, um roteiro de uma verdadeira macaca de auditório.
Além disso, meu projeto de doutorado me levou a trabalhar com seus manuscritos originais, com sua biblioteca pessoal, seus escritos íntimos e até mesmo os de sua esposa, Emma, em Cambridge, Londres e Downe”.
Tenho anotadas as datas das menstruações de Emma por um período de mais de dez anos antes dela ter tido seu último filho. Ser um fã não significa ser um adulador, um cego do ponto de vista intelectual. Defendo uma aproximação crítica, procurando compreender o autor dentro do contexto que ele viveu, em sua época, com seus valores. Isso não significa que eu deva compartilhá-los, à moda de alguns de seus admiradores, como Robert Wright" (“Darwinismo, ciência e ideologia”. In: “Pesspectivas em Epistemologia e História das Ciências” - Universidade Estadual de Feira de Santana, 1997, p. 147, 148).
Darwin e Macedo, portanto, ideologicamente tem em comum a mesma ambição do famigerado capitalismo selvagem, nutrindo ambos como propósito a universalização de seus conceitos. Enquanto o primeiro fincou sua ideologia no materialismo filosófico, sob a égide do conceito de “sobrevivência do mais forte”, este outro, por sua vez, estabeleceu suas idéias no conceito de “sobrevivência do mais forte espiritualmente”.
Os pobres, para Darwin, eram fracos mentalmente. Assim, para esse naturalista, os ricos, ou seja, os “mais hábeis”, deveriam abster-se de contrair matrimônio com os “mais fracos, evitando desta forma que a pobreza se propagassem para seus descendentes. Macedo, por sua vez, enxerga a pobreza não como resultado da desigualdade social e da má distribuição de renda, mas sim da falta de fé. Quem, por alguma procela da vida, enfrenta a adversidade financeira, provavelmente tem algum pecado, ou, mais acertadamente na visão do Macedo, “está roubando a Deus”. Daí os rituais de chantagem emocional em seus cultos nas suas muitas igrejas. Paralelamente para Macedo, a pobreza é uma maldição hereditária, que, se não quebrada, pode prosseguir e ser transmitida para as futuras gerações.
Por tudo isso, metaforicamente pode-se afirmar que, em termos ideológicos Macedo é uma espécie de “darwinista social”. É claro, criacionista por convicção!
É isso!
Os pobres, para Darwin, eram fracos mentalmente. Assim, para esse naturalista, os ricos, ou seja, os “mais hábeis”, deveriam abster-se de contrair matrimônio com os “mais fracos, evitando desta forma que a pobreza se propagassem para seus descendentes. Macedo, por sua vez, enxerga a pobreza não como resultado da desigualdade social e da má distribuição de renda, mas sim da falta de fé. Quem, por alguma procela da vida, enfrenta a adversidade financeira, provavelmente tem algum pecado, ou, mais acertadamente na visão do Macedo, “está roubando a Deus”. Daí os rituais de chantagem emocional em seus cultos nas suas muitas igrejas. Paralelamente para Macedo, a pobreza é uma maldição hereditária, que, se não quebrada, pode prosseguir e ser transmitida para as futuras gerações.
Por tudo isso, metaforicamente pode-se afirmar que, em termos ideológicos Macedo é uma espécie de “darwinista social”. É claro, criacionista por convicção!
É isso!
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