sexta-feira, 10 de julho de 2009

Complexidade irredutível não prova o design!

Membro: RASTAN

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Para muitos criacionistas, visto a incapacidade e até impossibilidade de provar que o criacionismo é verdade, eles buscam constantemente provar que a Teoria da Evolução é falsa.

Mas a casa parece estar caindo para esses criacionistas. Pois além de não apresentarem provas em prol do criacionismo, a evolução tem em seu favor evidências e fatos, provando a veracidade da teoria de Darwin.

Porém, em último recurso, os criacionistas estão tentando "desmoralizar" alguns evolucionistas como se isso adiantasse no velho debate entre Evolução x Criação.

Como se não bastasse, os grandes teóricos do design inteligente estão sendo refutados. A alegação de Michael Behe para a complexidade irredutível foi refutada em artigos de pesquisa e foi rejeitado pela comunidade científica em geral.

Alegação:

Alguns sistemas bioquímicos são irredutivelmente complexos, o que significa que a remoção de uma das partes destrói a funcionalidade de todo o sistema. Complexidade irredutível elimina a possibilidade de um sistema ter evoluído, portanto só pode ter sido obra de um designer.


Fonte: Behe, Michael J. 1996. Darwin's Black Box, New York: The Free Press.

Behe em sua argumentação falha em vários pontos.

Primeiro, porque ele alega que um sistema que ele chama de irredutivelmente complexo não pode ter surgido pela evolução. Isso não é verdade.

Se ele chama de irredutivelmente complexo um sistema que perde sua função se uma de suas partes for removida, isso significa apenas que um sistema não pode ter evoluído pela adição de partes prontas, que nunca mudam de função. Isso ainda deixa livre muitas outras possibilidade evolucionárias, tais como:

* Deleção de partes.
* Adição de múltiplas partes, por exemplo, a duplicação de grande parte ou da totalidade do sistema (Pennisi 2001).
* Mudanças de funções.
* Adição de uma segunda função para uma das partes (Aharoni et al 2004)
* Mudanças graduais das partes.

Todos esses mecanismos foram observados em mutações genéticas. Inclusive deleção e duplicação genética são bastante comuns (Dujon et al. 2004; Hooper and Berg 2003; Lynch and Conery 2000), e fazem a complexidade irredutível não apenas possível, mas também esperada. De fato, ela foi prevista pelo geneticista ganhador do prêmio Nobel Hermann Muller quase um século atrás (Muller 1918, 463-464), porém ele chamou de “complexidade interconectada” (Muller 1939).

Ou seja, simplesmente porque algo é irredutivelmente complexo agora, não significa que sempre foi assim. As partes podem mudar de função, ou ganhar ou perder funções, ou ter mais de uma função, etc. Se olharmos para um sistema pronto e acharmos que ele já veio pronto dessa forma, com as funções sempre daquela forma, sem nunca terem mudado, é óbvio que vamos imaginar ter sido impossível terem surgido pela evolução. Mas evolução ensina exatamente o contrário, que os seres não são fixos, que novas funções podem surgir e desaparecer ao longo do tempo.

A segunda falha no raciocínio de Behe é que ele está partindo de uma argumentação negativa. Ou seja, segundo ele, se A não é possível, então B automaticamente é verdade. Não é assim que se faz ciência, pois ao invés de provar B, como deveria ser, ele tenta provar que A não é possível. Se fosse assim, poderíamos dizer que se a Terra não é plana, então ela é cônica. Pode parecer ridículo, e de fato é, mas é o mesmo raciocínio que Behe toma quando diz que se a evolução não ocorre, então só pode ter sido um designer, eliminando qualquer outra possibilidade. Não passa de um apelo à ignorância.

A terceira falha na argumentação de Behe é que alguns sistemas apontados por ele como irredutivelmente complexos na verdade não o são. Muitos deles podem manter sua função, apesar de não tão bem, sem várias de suas partes, por exemplo:

* A ratoeira poderia funcionar sem a base, sem a isca ou até outras partes.
* O flagelo bacteriano poderia continuar sendo usado como propulsor mesmo sem várias de suas proteínas. É sabido que muitas das proteínas do flagelo eucariótico (também chamado cilium ou undulipodium) são dispensáveis, porque tais flagelos existem são conhecidos, e não possuem as proteínas, e ainda assim são funcionais.
* Mesmo com o exemplo da complexidade do transporte de proteínas de Behe, existem outras proteínas que não precisam de transporte.
* O sistema imunológico que Behe diz ser irredutivelmente complexo na verdade não o é, porque os anti-corpos que marcam as células invasoras para serem destruídas também podem servir como sistema de defesa, destruindo eles mesmos, apesar de forma não tão eficiente.

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