sexta-feira, 10 de julho de 2009

Darwin por ele mesmo: a Pangênese

Membro: IBA MENDES

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E aqui segue a continuação dos tópicos em que Darwin explica a si próprio. Desta feita, porém, farei menção de uma das teorias de Darwin quase desconhecida de seus apaixonados seguidores: a Pangênese.

Normalmente, Darwin é conhecido por ser o “pai da Teoria da Evolução”. E, embora aparentemente tenha usurpado a idéia de Seleção Natural, é também conhecido por ter formulado o conceito de Seleção Natural. Esse é o Charles Darwin mitificado, “o ilustre cientista inglês que revolucionou o pensamento biológico no fim do século XIX, o qual juntou-se ao navio de pesquisa Beagle, como naturalista e geólogo, para uma longa viagem ao redor do mundo, da qual coletou inúmeras informações que o levou a escrever a obra a qual serviu como base á Teoria da Evolução" e blá blá blá...

Bem, mas voltando à Pangênese, segundo Darwin as células reprodutoras produziam grânulos diminutos ou gemas, que circulavam livremente no corpo, aumentando pela divisão e reunidos pela afinidade mútua nas células reprodutivas. Dessa forma, as gemas eram passadas de uma geração a outra, às vezes inalteradas. Se alguma parte do indivíduo se modificasse pela mudança das condições de existência, as gemas iriam “naturalmente reproduzir a mesma modificação”. Geralmente, seriam necessária várias gerações de exposição às novas condições para a modificação tornar-se inata. A Pangênese tentava explicar, por exemplo, a regeneração. Ao cortar-se a perna de uma salamandra as gemas circulantes se reuniam junto ao ferimento e criavam uma nova perna.

Esta teoria tinha toda uma relação com as idéias de Buffon e Charles Bonnet. Buffon, por exemplo, acreditava que os cães que tinham as caudas cortadas durante várias gerações transmitiam caudas cada vez mais curtas. Outro que tinha uma teoria praticamente igual a de Darwin, foi Spencer, e de tal de forma que o próprio Darwin temeu ser acusado de plagiador (George, Wilma. “As Idéias de Darwin”: Editora Culturix, 1985, p. 61, 62).

Darwin sabia, por exemplo, que os judeus vinham sendo circundados há gerações e nem por isso deixavam de ter prepúcios. No entanto, tal teoria servia mais ou menos bem aos seus motivos ideológicos. Mendel, porém, deu-lhe o golpe fatal.

Mas, vamos a alguns textos de Darwin, em que ele mesmo discorre sobre sua teoria.

”A distinção importante entre transmissão e desenvolvimento se gravará melhor em nossa mente com a ajuda da hipótese da pangênese. Segundo esta hipótese, toda unidade ou célula do corpo emite gêmulas ou átomos subdesenvolvidos que se transmitem à prole de ambos os sexos e se multiplicam por autodivisão. Esses átomos podem permanecer subdesenvolvidos durante os primeiros anos de vida ou durante sucessivas gerações e o seu desenvolvimento em unidades ou células, semelhantes àquelas das quais derivam, depende da sua afinidade e união com outras unidades ou células anteriormente desenvolvidas na devida ordem de crescimento” (p. 269).

“Os caracteres que são próprios de um só sexo podem inesperadamente aparecer no outro, como acontece com aquelas subfamílias de galináceos, cujas galinhas jovens adquiriram esporões; ou conforme acontece com certas subfamílias de galináceos poloneses cujas fêmeas — e há boas razões para se acreditar — nascem com uma crista e depois a transmitem aos machos. Todos estes casos são compreensíveis se se aceita a hipótese da pangênese, porque dependem do fato de que gêmulas de certas partes, embora presentes nos dois sexos, se tornaram ou inativas ou se desenvolveram somente num sexo — sob a influência da domesticação.” (p. 273).

“É um fato de per si provável que qualquer caráter que se manifeste na tenra idade tem a tendência de ser herdado igualmente por ambos os sexos, visto que os sexos não possuem constituição muito diversa antes de estarem em condições de reproduzir. Por outro lado, depois que os sexos alcançaram, este estágio e diferem de constituição, as gêmulas (se é que ainda posso usar a linguagem da pangênese) expulsas de cada parte variante num sexo, com muito mais probabilidade pos¬suiriam afinidades para se unirem aos tecidos do mesmo sexo do que aos do sexo oposto, alcançando assim o desenvolvi¬mento” (p. 274).

“A supressão definitiva de uma parte já fora de uso e muito reduzida nas dimensões — caso este em que não podem entrar em jogo nem a compensação nem a economia — talvez seja compreensível mediante a hipótese da pangênese.” (p. 22).


Fonte:
Charles Darwin. “A Origem do Homem e a Seleção Sexual”. Tradução: Attílio Cancian e Eduardo Nunes Fonseca. Hemus Livraria Editora LTDA. São Paulo, 1974.


Divirtam-se! ((rs))

É isso!


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