Dilúvio global?

Membro: CARLOS
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Um dos principais pontos dos criacionistas é a existência de um dilúvio global. Eles se agarram a isso com unhas e dentes porque precisam explicar pq temos tantos fósseis. O problema é que as evidências simplesmente não batem com um dilúvio global, e o pessoal precisa de uma ginástica mental tremenda, incluindo uma camada de água acima da atmosfera para explicar de onde veio tanta água (nem vamos citar que uma camada de água assim não só amassaria o pessoal aqui na superfície pela pressão, como também que o pessoal cozinharia em questão de horas por efeito estufa), precisam das hidroplacas (uma teoria para explicar a deriva continental que não leva em conta que o atrito para gerar uma velocidade de deslocamento dos continentes desta magnitude geraria calor suficiente para cozinhar o pobre Noé), etc.

Há motivos suficientes para argumentar que o texto bíblico de forma alguma necessita que o dilúvio seja global. Por exemplo, a palavra em hebraico para "terra" (eretz) é a mesma que Deus usa para Abraão quando diz que era pra ele sair da sua terra e ir para outra que ele mostraria. Se a única interpretação possível desta palavra fosse o planeta, Deus estaria falando para Abraão fazer uma viagem interplanetária. Há outros motivos para crer que o texto não deveria ser interpretado como um dilúvio cobrindo a terra inteira, mas não é sobre isso que quero discutir agora.

Eu poderia falar dos milhões de fósseis de organismos extintos que, ao contrário do que se esperaria em um dilúvio global, onde os animais mais pesados iriam para o fundo e os mais leves iriam para a superfície, observa-se um padrão completamente diferente. Eu poderia falar que destes fósseis, uma parcela ínfima é representada em espécies viventes (e mesmo assim, só nas camadas mais recentes), enquanto que das milhões de espécies viventes catalogadas, uma parcela ínfima é encontrada no registro fóssil (e mesmo assim, somente nas camadas mais recentes).

Mas o Iba diria que fósseis são fósseis e dependem de interpretação, uma resposta brilhante. Eu poderia perguntar como Noé usou betume, uma substância fóssil, para vedar a arca se não haviam fósseis antes do dilúvio, mas não vou falar sobre isso hoje. Eu poderia perguntar como tantas espécies de marsupiais (cangurus, wallabies) viajaram desde o monte Ararat somente até Austrália, ficaram lá e se extinguiram em todos os outros lugares do mundo. Ou os micos do Brasil. Ou as lesmas que só ocorrem nos lagos dos Andes, que viajaram desde o monte Ararat até lá, aguentando desertos, florestas, gelo, neve, etc. para chegar em algumas lagoas nos Andes (mas sumiram do resto do mundo). Mas não vou falar disso.

Gostaria de levantar o seguinte questionamento. Peixes sabem nadar. E há peixes de água doce e peixes de água salgada. Pois bem. Com o aporte de água doce para cobrir a terra inteira, os peixes de água salgada morreriam todos em pouco tempo, enquanto os de água doce estariam misturados pelo mundo inteiro, já que poderiam nadar livremente. Curiosamente, os peixes de água salgada não morreram. Além disso, há uma diversidade enorme de peixes de água doce endêmicas pelo mundo inteiro. No Brasil mesmo, cada bacia possui uma quantidade enorme de peixes endêmicos que não ocorrem em lugar algum do mundo. Como o criacionismo explica isso?

Já adianto duas respostas:

(1) Um milagre que Deus fez, mas não está na bíblia. Esta é uma ótima forma de não perder argumentos e ao mesmo tempo parecer espiritual.
(2) Estes padrões não existem, foram inventados pelos evolucionistas mais pra enganar os cristãos.
(3) Resposta estilo Iba "estas espécies estão lá pq estão lá", e isso claramente é uma resposta convincente e elucidativa.

É claro, como eu poderia não ter me tocado disso. Só que pelo jeito os peixes são esquecidos, pq não conseguem mais fazer isso...

Epa! Mas a não ser que a chuva fosse salgada, quem tem que aprender são os peixes de água salgada a viver em àgua doce, não?

O debate segue neste link do Orkut:
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=26796515&tid=2549476519486887837