sexta-feira, 10 de julho de 2009

James Watson, Charles Darwin e racismo

Membro: IBA MENDES

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Em termos de visões racistas, o que poderia haver de comum entre as declarações recentes de James Watson e Charles Darwin?

Faz-se mister ressaltar, de início, que, para o biólogo molecular americano James Watson, o naturalista inglês Charles Darwin foi simplesmente “a pessoa mais importante que já viveu na Terra!”

A partir disto, e mais visivelmente pela forma de pensar o homem, é perfeitamente possível fazer uma analogia entre as recentes declarações racistas de Watson com as antigas conclusões de igual teor de Darwin. Se não, vejamos...

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Primeiro atentemos para alguns trechos desta reportagem publicada no jornal Folha de S. Paulo:

Africano é menos inteligente, diz Nobel

18/10/2007 - 09h34
RAFAEL GARCIA - da Folha de S.Paulo

Uma entrevista do biólogo James Watson, 79, com declarações racistas anteontem a um jornal britânico atraiu uma enxurrada de críticas de cientistas, sociólogos, políticos e ativistas de direitos humanos.

Watson, ganhador do Prêmio Nobel por ter descoberto a estrutura do DNA juntamente com Francis Crick, em 1953, afirmou ao jornal britânico "The Sunday Times" que africanos são menos inteligentes do que ocidentais e, em razão disso, se declarou pessimista em relação ao futuro da África.

"Todas as nossas políticas sociais são baseadas no fato de que a inteligência deles [dos negros] é igual à nossa, apesar de todos os testes dizerem que não", afirmou o cientista. "Pessoas que já lidaram com empregados negros não acreditam que isso [a igualdade de inteligência] seja verdade."

A declaração verbal foi apenas um jeito um pouco menos delicado de expor o que ele já havia escrito em seu recém-lançado livro "Avoid Boring People" (Evite Pessoas Chatas): "Não há razão firme para crer que as capacidades intelectuais de pessoas geograficamente separadas evoluam de maneira idêntica. Nosso desejo de considerar poderes iguais de raciocínio como uma herança universal da humanidade não vai se prestar a isso."

(...)
Dono de opiniões polêmicas, Watson ganhou o apelido de "Honest Jim". Em seu livro "Genes, Girls and Gamow", Watson se declarou favorável a um tratamento genético para deixar mulheres feias mais bonitas. Em outra ocasião, defendeu o direito ao aborto, se as grávidas pudessem saber se a criança nasceria homossexual.
Entre os cientistas que reagiram de maneira mais dura contra Watson estão os próprios geneticistas.

Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u337682.shtml

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Vamos agora a Darwin, o "outro", aquele desprovido dos encantos que seus póstumos e fiéis discípulos tentaram lhe atribuir. Vamos ver o Darwin sem a máscara do dogmatismo evolucionista, tal como preconiza o dogmático Richard Dawkins.

Tenho em mãos o livro “A Origem do Homem e Seleção Sexual”, publicado em 1871. Nele, diz Darwin:

“A opinião de quê no homem existiria uma qualquer relação entre o volume do cérebro e o desenvolvimento das faculdades intelectuais é valorizada pela relação entre o crânio das raças selvagens e aquele das raças civilizadas, entre aquele inteira série dos vertebrados.

O Dr. J. Barnard Davis provou, dos povos antigos e o dos povos modernos e pela analogia da com muitas medidas feitas com toda atenção, que a capacidade média interna do crânio dos europeus é de 9,3 polegadas cúbicos; a dos americanos, 87,5; a dos asiáticos, 87,1 e a dos australianos, somente 81,9. O prof. Broca notou que no
século XIX os crânios dos cadáveres em Paris eram mais amplos do que aqueles encontrados nos túmulos do século XII e estavam na relação de 1484 a 1426; e que o aumento de grandeza, como se vê pelas medidas, se dava exclusivamente na parte frontal do crânio, sede das faculdades intelectivas.”

(...)

Para a nossa finalidade será suficiente ater-nos à sustação do desenvolvimento do cérebro de idiotas microcéfalos, conforme vem descrito nos apontamentos de Vogt. O seu crânio é menor e as pregas do cérebro são menos complexas do que no homem normal. A arca da supraciliar é largamente desenvolvida e as maxilas sobressaem de maneira espantosa, a ponto de dar a impressão que estes idiotas são tipos inferiores do gênero humano.

A sua inteligência e muitas das faculdades mentais são extremamente fracas; não chegam a adquirir a faculdade de falar e são totalmente incapazes de fixar prolongadamente a atenção, embora sejam exímios em imitação. São fortes e notavelmente ativos, andam depressa e a passos miúdos, saltitam e fazem trejeitos e denguices. Sobem as escadas em quatro pernas e têm um estranho desejo de trepar nos móveis e nas árvores. Faz-nos lembrar o prazer que quase todos os rapazes possuem de trepar nas árvores e também o divertimento que a cabra e os cabritos, animais alpinos por origem, experimentam em saltar nas saliências elevadas do terreno, mesmo que estas sejam muito pequenas.

Os idiotas fazem lembrar os animais inferiores também em razão de alguma outra característica: citam-se alguns casos relativos à tendência que possuem de cheirar todo bocado de alimento antes de comê-lo. Dizem que um idiota usa muitas vezes a boca para catar os piolhos, ajudando assim as mãos.

(...)

“O selvagem e o cão muitas vezes têm encontrado água a um baixo nível e em tais circunstâncias a coincidência veio associar-se nas suas mentes. Um homem culto talvez formulasse alguma proposição sobre tal assunto; mas, por tudo o que sabemos a respeito dos selvagens, é extremamente duvidoso que possam agir assim e um cão seguramente não agiria”.

(...)

Aparentemente existe muita verdade na opinião de que os maravilhosos progressos dos Estados Unidos e o caráter deste povo são o resultado da seleção natural; com efeito, os homens mais enérgicos, irrequietos e corajosos de todas as parte da Europa emigraram durante as últimas dez ou doze gerações para esse grande país e lá tiveram o melhor êxito.

Olhando para o futuro distante, não creio que o Revdo. Zincke sustente uma hipótese exagerada quando afirma: “Todas as outras séries de acontecimentos — como da civilização espiritual da Grécia ou aquela do Império Romano — parecem ter um significado e um valor somente quando pensadas em conexão ou antes como subsidiárias da grande cheia da emigração anglo-saxônia no ocidente”.

Por mais obscuro que seja o progresso da civilização, podemos pelo menos ver que uma nação que, durante um período prolongado produziu o máximo número de homens de maior intelecto, enérgicos, corajosos, patrióticos, generosos, em geral deveria prevalecer sobre as nações menos favorecidas.

Se em todo grau da sociedade os membros fossem divididos em dois grupos iguais, um abrangendo os membros intelectualmente superiores e o outro aqueles inferiores, não haveria dúvida alguma de que o primeiro teria o melhor êxito em todas as ocupações e o último teria um maior número de filhos. Também no mais baixo nível de vida, a capacidade e a habilidade podem ser de alguma vantagem, embora em muitas ocupações seja bastante pequena, em virtude da grande divisão do trabalho. Por isso, nas nações civilizadas haverá uma certa tendência para incrementar tanto o número como o nível da capacidade intelectual.

No caso das estruturas corpóreas, o fator que contribui para um progresso de uma espécie é a seleção de indivíduos ligeiramente mais dotados e a eliminação daqueles menos dotados, e não a conservação de anomalias fortemente acentuadas e raras . O mesmo se dará com as faculdades intelectuais, visto que os homens um pouco mais hábeis em qualquer grau da sociedade têm melhor êxito do que os menos hábeis e, conseqüentemente, progridem em número, quando não são obstaculados de um outro modo.

No que diz respeito às qualidades morais, a eliminação das piores disposições está sempre aumentando também nas nações mais civilizadas. Os malfeitores são justiçados ou lançados na prisão durante longos períodos, a fim de não poderem transmitir livremente as suas más qualidades. Os hipocondríacos e os loucos são confinados ou suicidam-se. Os violentos e os briguentos encontram muitas vezes um triste fim. Os vadios que não têm nenhuma ocupação estável — e este resto de barbárie representa um grande obstáculo para a civilização — emigram para países há pouco colonizados, onde se transformam em úteis pioneiros.

(...)

Em algum período futuro não muito distante se medido em séculos, as raças civilizadas do homem exterminarão e substituirão, quase com certeza, as raças selvagens no mundo todo. Ao mesmo tempo, os macacos antropomorfos... serão sem dúvida exterminados. A brecha entre o homem e seus parentes mais próximos será ainda mais larga, pois ela se abrirá entre o homem num estado ainda mais civilizado, esperamos, do que o próprio caucasiano, e algum macaco tão inferior quanto o babuíno, em vez de, como agora, entre o negro ou o australiano e o gorila.”

(...)

“No fim a fêmea assume, porém, alguns caracteres distintivos e na formação do crânio parece assumir um caráter intermediário entre o menino e o homem”.


Fonte:
Charles Darwin. “A Origem do Homem e a Seleção Sexual”. Tradução: Attílio Cancian e Eduardo Nunes Fonseca. Hemum, Livraria Editora LTDA. São Paulo, 1974.

Por fim, tomemos ainda como referência um dos melhores amigos de Darwin, conhecido como "O Bulldog de Darwin”, Huxley, o qual entendeu perfeitamente o que queria dizer seu mestre. Disse ele:

“Nenhum homem racional, conhecendo os fatos, acredita que o Negro médio é igual, e menos ainda superior, ao homem branco. E, se isto é verdade, é simplesmente inacreditável que, quando todas as suas dificuldades forem removidas e o nosso parente prognata tiver uma oportunidade justa e nenhum favor, assim como nenhum opressor, ele venha a ser apto a competir vantajosamente com seu rival dotado de maior cérebro e menor mandíbula, numa disputa que seja entre pensamentos e não entre mordidas.”

Fonte:
homas H. Huxley, Lay Sermons, Addresses and Reviews, New York: Appleton, 1871, p. 20.


Em suma:

O racismo manifestado nas recentes declarações de James Watson é apenas uma minúscula faceta de uma longa história maculada por conceitos raciais de homens da "ciência", os quais, lamentavelmente, fez uso de argumentos "científicos" para justificar suas teses maléficas ao próprio homem.

Não custa lembrar que na Alemanha de Hitler a "ciência" teve a função de "selecionar" os "mais aptos". O resultado consta nos anais da história.

Recente!

Vejam só!
Uns dos integrantes da turminha fundamentalista do darwinsmo, ninguém menos do que Richard Dawkins deu seu apoio a Watson.

Nada demais para quem prega a destruição de religiões!


"O filósofo ateu Richard Dawkins, que deveria participar de um debate com Watson na próxima semana, em Oxford, declarou que, se houve um erro, foi científico, e não ético. Portanto, deveria ser rebatido com argumentos científicos, e não éticos.

"O que não é aceitável do ponto de vista ético é a perseguição, que só pode ser descrita como uma atitude nada liberal e nem tolerante por parte de uma 'patrulha do pensamento'", disse Dawkins.

Fonte:
http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2007/10/20/ult1809u13331.jhtm

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