domingo, 12 de julho de 2009

Relembrando a grande fraude

Membro: IBA MENDES
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Estando a folhear o livro “Teoria da Evolução: de Darwin à Teoria Sintética, de Newton Freire-Maia, deparei-me com um capítulo denominado “O Homem de Piltdown, a grande fraude”.

Embora este já tenha sido um assunto por damais discutido e comentado, sei que há muitas pessoas que ainda desconhecem esta grande farsa evolucionista. Para isso, gostaria de torná-la notória aqui nesta comunidade E, para não ser taxado de tendencioso, faço menção de um texto escrito por um evolucionista, Newton Freire-Maia, no livro anteriormente citado. Ei-lo:

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O HOMEM DE PILTDOWN, A GRANDE FRAUDE

O início da história (1912)

A história toda começou em meados de 1912, quando um advogado que, como amador, também era arqueologista e geólogo (Charles Dawson), levou a um reputado cientista do Museu de História Natural, em Londres (A. Smith Woodward), alguns fragmentos de crânio humano de cor marrom, dentes fossilizados de hipopótamo e elefante, e grosseiros artefatos de pedra. Tinham sido encontrados, segundo informação do geólogo amador, por operários que faziam escavações com o fim de obter cascalho para a construção de estradas em Píltdown.

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Em dezembro do mesmo ano, o primeiro trabalho sobre o assunto atingiu a comunidade científica: foi apresentado em co-autoria dos dois ingleses, durante uma reunião da Geological Society de Londres.

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Nos anos subseqüentes, Dawson continuou a escavar nas vizinhanças do local, tendo encontrado mais fósseis e implementos semelhantes. Apesar do suposto predecessor do Homem moderno ter características que destoavam totalmente dos demais fósseis até então conhecidos, o fato de apresentar grande desenvolvimento craniano ao lado de uma mandíbula evolutivamente atrasada atendia a aspirações de um grupo de cientistas: a evolução humana teria se dado, inicialmente, pelo cérebro, só mais tarde tendo atingido o maxilar inferior.

Se bem que, para outros cientistas, a associação, num mesmo indivíduo, de um crânio “humano” com uma mandíbula simiesca não parecesse absurda, surgia, no entanto, como muito pouco provável.

O mais razoável seria aceitar coma artificial a reunião estranha que levou à criação do “Homem de Piltdown”; ali deveria haver parte de Homo e parte de um macaco antropóide. O mais célebre defensor dessa posição, já em 1915, foi o grande paleontologista francês Marcellin Boule.
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Com a descoberta de fósseis mais antigos, verificou-se que o Homem de Piltdown era mesmo uma excrescência: não cabia em lugar algum. Esses novos fósseis mostravam crânios menos humanizados e mandíbulas mais humanizadas. A única hipótese cabível seria admitir duas (ou mais) linhas evolutivas para que, numa delas, se pudesse encaixar aquele estranho fóssil.

O fim da história (1949-1954)

Por volta de 1949 havia sido desenvolvido um método de datação baseado no fato de que ossos enterrados absorvem flúor do solo e que a quantidade absorvida aumenta com o tempo durante o qual permaneceram soterrados. Esse método é de tal forma seguro que, quando numerosos ossos são encontrados juntos, o teste do flúor diz claramente quais são os mais velhos.

Aplicado o método aos ossos de Piltdown, verificou-se algo extraordinário: tanto o crânio como o maxilar inferior do suposto Eoanthropus continham apenas traços de flúor, enquanto que os demais fósseis (de elefante e hipopótamo) possuíam grandes quantidades.

A redução da idade do suposto fóssil de 500.000 anos para talvez não mais de 50.000 tornou-se um absurdo evolutivo: não tinha ancestrais, não produzira descendentes, não podia representar um animal pré-humano (pois Homo sapiens já existia naquela época), não poderia ser um macaco (seu crúnio era humano e nunca houve macacos por ali) e não poderia ser um Homem (sua mandíbula era de macaco)!

O assunto voltou a ser reconsiderado em 1953. Sabia-se que havia uma importante característica humana nos dentes supostamente de macaco e esse fato sustentava a hipótese de que fósseis que apresentassem traços de ambos só poderiam ser restos de formas intermediárias. Mas havia ainda a possibilidade de que as características “humanas” tivessem sido deliberadamente dadas a dentes de macacos atuais.

Essas características representavam apenas uma forma especial de desgaste — e, obviamente, desgastar um dente de um modo especial é tarefa que um especialista pode fazer com facilidade. E o aspecto de “fósseis” que as peças apresentavam? A única explicação seria que elas teriam sido artificialmente pintadas com uma cor especial.

Análises químicas revelaram que a mandíbula e os dentes continham uma quantidade de nitrogênio e de carbono orgânico igual à de materiais modernos. A calota craniana continha muito menos. Outras análises químicas e a microscopia eletrônica confirmaram que o maxilar inferior era moderno e havia sido colorido artificialmente para se parecer com a calota craniana. Examinou-se o material sob o aspecto anatômico e suas conclusões superpuseram-se às da Química e da Microscopia.

Em 1913, um exame radiográfico da mandíbula parecia revelar que as raízes dentárias eram curtas demais para serem de macaco. Em 1953, novas radiografias mostraram que elas se mostravam muito mais longas do que se pensou — exatamente como acontece nos macacos modernos. Além disto, um estudo mais profundo revelou, sem sombras de dúvida, o que já se suspeitava: o desgaste encontrado nos dentes tinha uma posição que não é natural e, por isto, deveria ter sido artificialmente produzido, isto é, não era resultante da mastigação.

O microscópio ainda revelou que esse desgaste compunha-se de “arranhões” que só poderiam ter sido provocados por algum abrasivo. Mais ainda: material plástico tinha sido posto no canal do canino para diminuir-lhe o tamanho. Esse fato, não revelado pela radiografia antiga, tornou-se claro com radiografias de 1953, realizadas num ângulo mais conveniente.

Verificou-se, então, que a mandíbula, já sabidamente de macaco moderno, deveria ter vindo de um orangotango. Experiências de simulação foram feitas com dentes desse animal e eles se mostraram iguais aos supostos “fósseis”. Com esses artifícios, foram reproduzidos o maxilar inferior e um canino do suposto Eoanthropus. Chegou-se até a suspeitar de que o “Homem” de Piltdown era, pela mandíbula, um orangotango fêmea e jovem.

Faltava desmascarar os implementos e os fósseis de animais encontrados junto a Eoanthropus. Os instrumentos de sílex representavam lascas grosseiras que poderiam ter qualquer idade, mas possuíam cor avermelhada tal como a pedregulho do local; haviam sido tingidos artificialmente tal como revelaram a análise espectrográfica e os testes químicos. Aliás, a cor dos implementos era apenas superficial, bem diferente das pedras do local que têm a mesma cor mas não apenas na superfície.

Havia também, junto aos “fósseis”, um implemento feito com ossos de elefante e dotado de uma extremidade em ponta. Verificou-se que essa ponta só poderia ter sido preparada com uma moderna faca de aço; com algo de pedra, teria sido impossível. O teste do flúor revelara que o osso era realmente um fóssil, mas a análise acima referida havia mostrado que quem o havia trabalhado (com uma faca de aço) deveria ter sido um Homem moderno.

O estudo sobre os restos de outros animais encontrados perto de Eoanthropus revelou que eram realmente fósseis mas tinham sido igualmente tingidos e deveriam ter sido trazidos de outro local para compor a cena da presença de Eoanthropus no mesmo Sítio. De que local? A resposta mais segura é que deveriam ter vindo de alguma coleção de fósseis estrangeiros.

Finalmente, os crânios (isto é, os fragmentos deles). O primeiro parece ser um “espécime patológico” talvez obtido em algum túmulo antigo. O segundo é possivelmente um pedaço do primeiro (guardado para ser usado mais tarde). Ambos teriam sido devidamente tingidos para simular pertencerem ao local.

(...)

E assim termina a triste história. A descoberta da fraude se deve a três cientistas — Kenneth P. Oaley, Weiner e Sir Wilfrid Le Gros Clark.

Fonte:

Teoria da Evolução: de Darwin à Teoria Sintética, de Newton Freire-Maia. Editora da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1988, p. 329-335.

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