sexta-feira, 10 de julho de 2009

A "religião" que Dawkins não vê...

Membro: IBA MENDES
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Numa entrevista concedida há algum tempo à revista Veja, o ateísta Richard Dawkins manifestou sua ojeriza à religião com as seguintes palavras:

“Penso que é possível argumentar que a fé é um dos maiores males do mundo, comparável ao vírus da varíola, porém mais difícil de erradicar.”

Mas, o que dizem as pesquisas sobre fé, espiritualidade e religião? Será que elas dão sustentação às teses do "cão de guarda de Darwin?"

Bem, vejamos...

Especificamente no que tange às mulheres, segundo uma pesquisa publicada no site da BBC, as “mulheres que abandonam suas atividades religiosas têm três vezes mais chances de sofrer de ansiedade, depressão e alcoolismo."

De acordo com a BBC “especialistas, da Universidade de Temple, na Filadélfia, analisaram 718 adultos e concluíram que entre as mulheres que haviam deixado de freqüentar a igreja, 21% apresentaram sintomas de ansiedade, depressão e problemas relacionados ao excesso de bebidas alcoólicas”:

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/01/080101_mulherigreja_fp.shtml


Numa outra pesquisa (realizada com 309 pacientes cardíacos pós-operatório) por pesquisadores da Universidade de Washington confirmou-se que “a fé religiosa pode proteger o bem estar psicológico, através de maiores esperanças e um maior suporte social durante experiências estressantes, como ser submetido à cirurgia cardíaca.”

Tais pesquisas chegaram à conclusão de que “que o suporte social e a esperança, encontrados por quem adota o estilo de vida religioso, contribuíram bastante para a redução da depressão e da ansiedade. Foram considerados atos religiosos o agradecimento e o pedido de perdão em orações, a procura pelo suporte espiritual, sentimento de fraternidade com aqueles que dividem a mesma crença, purificação religiosa e pensamentos em benefícios da religião.”

Uma das pesquisadores declarou:

"Essas novas pistas parecem ser a chave para a compreensão de como o estilo religioso de se lidar com situações pode ajudar o indivíduo a lidar com situações estressantes”:

http://www.newswise.com/articles/view/522401/


Num outro estudo elaborado pelo doutor Dale Matthews, da Georgetown
University de Washington, e que fora divulgado na Reunião da Academia Americana das Ciências, foi constatado que as pessoas religiosas têm melhor saúde do que aqueles que não estão preocupados com o divino.

O doutor Dale Matthews revisou 212 trabalhos publicados acerca da influência da religião na saúde. Em 70% dos estudos fora concluído que o fato de alguém ser religioso contribuía positivamente em relação à saúde. Apenas 7% dos trabalhos associavam de forma negativa a religião com a saúde:

http://www.elmundo.es/elmundosalud/suplemento/1996/190/01290.html


Existem muitos outras pesquisas que apontam os benefícios de uma espiritualidade sadia.

Há estudos, por exemplo, que também atribuem efeitos benéficos da espiritualidade aos idosos. Nos idosos a crença religiosa está associada com a diminuição de atitudes suicidas, consumo de álcool e estresse:

* Seidlitz L, Duberstein PR, Cox C, Conwell Y. Attitudes of older people toward suicide and assisted suicide: An analysis of Gallup Poll findings. J Am Geriatr Soc 1995; 43: 993-98.
* Bearon LB, Koenig HG. Religious cognition and use of prayer in health and illness. Gerontologist 1990; 30: 249-53.


A religião também está ligada com a proibição do hábito de fumar, o que colabora para evitar a maior incidência de certas doenças como o câncer:

* Kaplan BH, Munroe-Blum H, Blazer DG. Religion, health and forgiveness. In Levin JS (ed.). Religion in aging and health. SAGE: Thousand Oaks, 1994. Pp. 52-77.

A religiosidade também promove mecanismos psicológicos adapativos diante do envelhecimento, à enfermidade e o sofrimento. Da mesma forma, liga-se com a alta estima e desejo de viver:

*Nelson PB. Intrinsic/extrinsic religious orientation of the elderly: Relationship to depression and self-steem. J Gerontol Nurs 1990; 16: 29-35.
* Poloma MM, Pendleton BF. The effects of prayer and prayer experiences on measures of general well-being. J Psychol Theol 1991; 19: 71-83.


A religiosidade promove esperança, sentido de transcedência e continuidade entre vida e morte:

* Rosik CH. The impact of religious orientation in conjugal bereavement among older adults. Int J Aging Hum Dev 1989; 28: 251-60.
* Koenig HG. Religious behaviors and death anxiety in later life. Hospice J 1988; 4: 3-2
* Azhar MZ, Varma SL. Religious psychotherapy as management of bereavement. Acta Psychiatr Scand 1995; 91: 233-35.
* Alvarado KA, Templer DI, Bresler C, Thomas-Dobson S. The relationship of religious variables to death depression and death anxiety. J Clin Psychol 1995; 51: 202-04.


A religiosidade tem sido usada como complementação à psicoterapia:
*Azhar MZ, Varma SL. Religious psychotherapy as management of bereavement. Acta Psychiatr Scand 1995; 91: 233-35.
* Waldfogel S, Wolpe PR. Using awareness of religious factors to enhance interventions in consultation-liason psychiatry. Hosp Comm Psychiatry 1993; 44: 473-77.

Numa matéria publicada no site comciencia.com.br, há menção a outros estudos sobre o assunto:

“Estudos realizados em diferentes contextos sócio-culturais têm demonstrado que a espiritualidade tem relação com o comportamento e a predisposição ao vício. Esses estudos começaram em meados da década de 80, nos Estados Unidos. Atualmente, um dos centros norte-americanos mais avançados no assunto é o Duke´s Center para Estudos da Religião e da Espiritualidade, dirigido pelo médico e pesquisador Harold Koenig, autor do livro Manual de religião e saúde.

Seus estudos científicos têm demonstrando que os praticantes ativos de uma crença podem obter benefícios físicos e mentais, entre eles, sistema imunológico mais resistente e menor propensão a certas doenças. Entre os efeitos negativos estariam o fanatismo religioso e a auto-punição, ou seja, acreditar que doença teria sido enviada como um castigo de Deus.

No Brasil, a equipe do psiquiatra Paulo Dalgalarrondo, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, constatou que a religião pode afetar de diversas maneiras o consumo de álcool e de drogas. O trabalho, intitulado "Religião e uso de drogas por adolescentes", foi publicado em junho de 2004 na Revista Brasileira de Psiquiatria, e avaliou 2.287 estudantes de escolas públicas e particulares de Campinas (SP).

Os pesquisadores perceberam que o uso intenso de pelo menos uma droga (álcool, tabaco, medicamentos, maconha, solventes, cocaína ou ecstasy) foi maior entre os estudantes que não tiveram educação religiosa na infância. “As pessoas cuja religião condena o uso dessas sustâncias tendem a usá-las menos”, conta. Por outro lado, Dalgalarrondo ressalta que alguns estudos mostraram que pessoas com alto envolvimento espiritual têm a tendência a ser mais depressivas. “A influência depende da própria pessoa e da religião, além de fatores econômicos, culturais e sociais”, afirma:

http://www.comciencia.br/reportagens/2005/05/06.shtml

Em numaoutra esfera social, por exemplo, segundo dados publicados pela FGV:

"Na comparação entre a amostra de presidiários e o restante da população paulista, o dado que mais chamou a atenção do pesquisador foi a quantidade de presos com religiões alternativas (espíritas, afro-brasileiras e evangélicas).

O número de presos sem religião (11,7%) também é quase o dobro do que na população de São Paulo (6,4%). Por outro lado, o percentual de católicos e evangélicos é menor entre a massa carcerária."

http://www4.fgv.br/cps/simulador/impacto_2006/ic175.pdf

"É de 35,7% o percentual dos que se declaram sem religião nos presídios, um valor mais de duas vezes maior que o encontrado para os sem religião no município [no Rio de Janeiro], que é de 13,3%. Entre os presidiários, 30% deles são católicos e 14% evangélicos, ao passo que em todo o município 61,1% são católicos e 18,3% evangélicos. "

http://www.fgv.br/cps/artigos/Conjuntura/2004/Retratos%20do%20C%C3%A1rcere_agosto2004.pdf


Enfim, eu poderia citar outros inúmeros estudos que mostram que uma boa e sadia espiritualidade sempre tem efeitos benéficos, ao contrário do que lamentavelmente prega o cão de guarda de Darwin, Richard Dawkins.

É isso!

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