domingo, 12 de julho de 2009

O homem como um ser moral

Membro: IBA MENDES
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Seria o mecanismo da seleção natural proposta por Charles Darwin, aliado ao acaso mutacionista da genética moderna, suficiente para explicar o homem como ser moral?

Como escreveu José Osvaldo Penna, em seu “Polemos”...

“Por mais que tenha a evolução durado milhares, milhões, bilhões de anos para deixar funcionar as leis estatísticas, podemos filosoficamente admitir que, pelo mero jogo do acaso das mutações genéticas, selecionadas durante 20 ou 30 milhões de anos na luta pela vida dos primatas, um chimpanzé evoluído seria capaz de pronunciar o “Sermão da Montanha” ? Ou um gorila de dialogar com Platão sobre A república, ou um orangotango de pintar a Capela Sistina?

Ou mesmo outro macaco, com a mesma cara simiesca de Emanuel Kant, tenha sentido a necessidade inflexível de elaborar a Crítica da razão pura? Repito, pode o acaso explicar por que tenha um dia um outro macaco, de nome Shakespeare, nascido, crescido e sentido a urgência indeclinável de escrever Hamlet? Repito, pode a loteria explicar a Nona Sinfonia de Beethoven? Pode ela “dar” a teoria da relatividade, ainda que tenha o próprio Einstein acentuado seja pouco provável que Deus jogue dados com o universo?

(...) Em suma, seria realmente válida a teoria ortodoxa neodarwinista moderna ao propor que, pela seleção natural, o acaso conduz necessariamente ao progresso do ameba primitivo ao Homo sapiens, e do Homo sapiens a gênios como Platão, Shakespeare, Kant, Beethoven, Einstein ou Neumann? Configurar-se-ia um gigantesco acaso se isso assim exatamente acontecesse...”

* (Penna. p. 89, 90).

E, para dar término a esta reflexão, torno notório as pertinentes palavras do autor de “O Auto da Compadecida”, Ariano Suassuna, que, poeticamente externou:

“A meu ver existe na inteligência humana uma centelha divina que sem ela não haveria a Nona Sinfonia, nem nada. “Como conciliar a existência do mal com a existência de Deus?” é a pergunta fundamental de todas as filosofias e religiões. Mas tem uma frase de Dostoievski que diz “Se Deus não existe, tudo é permitido”. Na mesma hora entendi o que ele quis dizer. A norma moral tem que ter um fundamento absoluto, senão fica dependendo da opinião de cada um de nós.”

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