Membro: IBA MENDES
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No próximo mês, fevereiro de 2009, comemora-se em todo o mundo 200 do nascimento de Charles Darwin. E, aqui, vou prestar minha “solene homenagem” à obra que revolucionou o pensamento filosófico ocidental, bem como as conseqüências advindas dela. Farei, pois, uma ligeira análise dos principais pontos que vejo como relevantes no livro “A Origem das Espécies”._____
Os textos que serão usados neste tópico constam na tradução portuguesa (tradutor: Joaquim da Mesquita Paul), publicada por LELLO & IRMÃO – EDITORES, de 2003.
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INTRODUÇÃO
” As relações geológicas que existem entre a fauna atual e a fauna extinta da América meridional, assim como certos fatos relativos à distribuição dos seres organizados que povoam este continente, impressionaram-me profundamente quando da minha viagem a bordo do navio Beagle, na qualidade de naturalista” (p. 14).
Antes de qualquer cousa, porém, faz-se necessário que se esclareça um ponto deveras relevante, ponto este completamente ignorado pela galera de Darwin. E ninguém melhor para esclarecê-lo do que um próprio darwinista, e melhor ainda: Stephen Jay Gould:
“O mito do Beagle - o de que Darwin tornou-se um evolucionista por meio da observação simples e imparcial de um mundo inteiro estendido à sua frente durante uma viagem de cinco anos ao redor do mundo — ajusta-se a todos os nossos critérios românticos para a melhor das lendas: um jovem, livre dos empecilhos da sociedade inglesa e dos seus pressupostos limitadores, face a face com a natureza, exercitando a sua mente formidável e inexperiente com todos os desafios oferecidos por plantas, animais e rochas do globo todo. Ele parte da Inglaterra em 1831, com planos de se tornar um pároco de aldeia ao voltar.
Retorna em 1836, tendo visto a evolução em estado bruto, compreendendo (embora vagamente) as suas implicações e comprometido com uma vida científica de pensador evolucionista. O catalisador principal: as ilhas Galápagos. Os atores principais: tartarugas, tordos-dos-remédios e, acima de tudo, treze espécies de tentilhões de Darwin — o melhor laboratório evolutivo que a natureza nos ofereceu.
[...]
Resumindo, então, Darwin chegou às Galápagos e delas saiu como criacionista, e o seu estilo de coleta durante toda a visita refletiu essa posição teórica. Vários meses depois, compilando as anotações em alto-mar, durante as longas horas da travessia do Pacífico, ele flertou brevemente com a evolução enquanto pensava nas tartarugas e nos tordos, não nos tentilhões. Mas ele rejeitou essa heresia e atracou na Inglaterra em 2 de outubro de 1836 na condição de criacionista que nutria dúvidas nascentes”.
Fonte:
Stephen Jay Gould. “O Sorriso do Flamingo”. Editora Martin Fontes. 1ª edição, 1990. Tradução: Luís Carlos Borges. paginas: 323 e 330
Observação feita, vamos ao que interessa:
[...]
Resumindo, então, Darwin chegou às Galápagos e delas saiu como criacionista, e o seu estilo de coleta durante toda a visita refletiu essa posição teórica. Vários meses depois, compilando as anotações em alto-mar, durante as longas horas da travessia do Pacífico, ele flertou brevemente com a evolução enquanto pensava nas tartarugas e nos tordos, não nos tentilhões. Mas ele rejeitou essa heresia e atracou na Inglaterra em 2 de outubro de 1836 na condição de criacionista que nutria dúvidas nascentes”.
Fonte:
Stephen Jay Gould. “O Sorriso do Flamingo”. Editora Martin Fontes. 1ª edição, 1990. Tradução: Luís Carlos Borges. paginas: 323 e 330
Observação feita, vamos ao que interessa:
”Cruzei alguns pombos-pavões brancos da raça mais pura com alguns Barbados negros - as variedades azuis do Barbado são tão raras que não conheço um só exemplar em Inglaterra -: as aves que obtive eram negras, cinzentas e manchadas. Cruzei igualmente um Barbado com um pombo Spot, que é uma ave branca com a cauda vermelha e uma mancha vermelha no alto da cabeça, e que se reproduz fielmente; obtive mestiços acinzentados e manchados. Cruzei então um dos mestiços barbado-pavão com um mestiço barbado-spot, e obtive uma ave de um tão belo azul como nenhum pombo de raça selvagem, tendo os flancos brancos, possuindo a dupla orla negra das asas e as penas externas da cauda orladas de negro e limitadas de branco!” (p. 37)
Interessante este ponto levantado por Darwin!
Essas experiências feitas por ele já eram bastante conhecidas e já vinham sendo realizadas desde os primórdios da humanidade: melhoramentos das raças mediante diferentes cruzamentos. Lembro-me de que meu pai costumava fazer isso com algumas espécies de gados e cavalos, o que lhe rendia bons lucros. Tais experiências, portanto, são claras e incontestáveis.
Agora, o ponto que se deve destacar e que me parece óbvio, foi a extrapolação que o naturalista aplicou a partir dessas experiências. Imbuído de um intenso desejo de ver seu materialismo filosófico concretizar-se como verdade, Darwin expandiu tais experiências para um nível imaginário ou especulativo. Como é sabido ele justificou a ausência de fósseis intermediários em conseqüência de sua “extrema raridade”. Sem dúvida um jibóico pretexto para justificar sua especulação macroevolutiva.
Interessante este ponto levantado por Darwin!
Essas experiências feitas por ele já eram bastante conhecidas e já vinham sendo realizadas desde os primórdios da humanidade: melhoramentos das raças mediante diferentes cruzamentos. Lembro-me de que meu pai costumava fazer isso com algumas espécies de gados e cavalos, o que lhe rendia bons lucros. Tais experiências, portanto, são claras e incontestáveis.
Agora, o ponto que se deve destacar e que me parece óbvio, foi a extrapolação que o naturalista aplicou a partir dessas experiências. Imbuído de um intenso desejo de ver seu materialismo filosófico concretizar-se como verdade, Darwin expandiu tais experiências para um nível imaginário ou especulativo. Como é sabido ele justificou a ausência de fósseis intermediários em conseqüência de sua “extrema raridade”. Sem dúvida um jibóico pretexto para justificar sua especulação macroevolutiva.
Pode ser que um dia venhamos a ter dados verdadeiros ou concretos acerca de tal suposto evento, todavia, até o instante não há indícios suficientes para se chegar a uma conclusão definitiva acerca dele como FATO, incluindo aí aqueles relacionados à suposta evolução gradual das máquinas biológicas. Como um conceito histórico e filosófico, não há problemas; contudo, afirmar-se que se trata de eventos reais e empíricos, é puro devaneio, coisa que talvez nem Freud explique.
É isso!
É isso!
E, dando prosseguimento ao destrinchamento do livro “A Origem das Espécies”, vamos continuar abordandio pontos que considero relevantes na obra, pontos esses muitas vezes que não chegam ao conhecimento da galera de Darwin, uma vez que, como diz Enézio: “O que Darwin tem de bom a gente mostra, o que tem de ruim a gente esconde”. Ou algo parecido com isso. ((rs))
EFEITOS DOS HÁBITOS E DO USO OU NÃO USO DAS PARTES; VARIAÇÃO POR CORRELAÇÃO; HEREDITARIEDADE
” A mudança dos hábitos produz efeitos hereditários; poderia citar-se, por exemplo, a época da floração das plantas transportadas de um clima para outro.
Nos animais, o uso ou não uso das partes tem uma influência mais considerável ainda. Assim, proporcionalmente ao resto do esqueleto, os ossos da asa pesam menos e os ossos da coxa pesam mais no canário doméstico que no canário selvagem.
Ora, pode incontestavelmente atribuir-se esta alteração a que o canário doméstico voa menos e marcha mais que o canário selvagem. Podemos ainda citar, como um dos efeitos do uso das partes, o desenvolvimento considerável, transmissível por hereditariedade, das mamas das vacas e das cabras nos países em que há o hábito de ordenhar estes animais, comparativamente ao estado desses órgãos nos outros países. Todos os animais domésticos têm, em alguns países, as orelhas pendentes; atribui-se esta particularidade ao fato de estes animais, tendo menos causas de alarme, acabarem por se não servir dos músculos da orelha, e esta opinião parece bem fundada” (p. 24).
Quem se dá ao trabalho de ler a “A Origem das Espécies”, logo de cara tem a impressão de que Darwin era mais lamarckista do que o próprio Lamarck. Sobre esta influência de Lamarck nas idéias de Darwin são pertinentes as opiniões de alguns evolucionistas:
EFEITOS DOS HÁBITOS E DO USO OU NÃO USO DAS PARTES; VARIAÇÃO POR CORRELAÇÃO; HEREDITARIEDADE
” A mudança dos hábitos produz efeitos hereditários; poderia citar-se, por exemplo, a época da floração das plantas transportadas de um clima para outro.
Nos animais, o uso ou não uso das partes tem uma influência mais considerável ainda. Assim, proporcionalmente ao resto do esqueleto, os ossos da asa pesam menos e os ossos da coxa pesam mais no canário doméstico que no canário selvagem.
Ora, pode incontestavelmente atribuir-se esta alteração a que o canário doméstico voa menos e marcha mais que o canário selvagem. Podemos ainda citar, como um dos efeitos do uso das partes, o desenvolvimento considerável, transmissível por hereditariedade, das mamas das vacas e das cabras nos países em que há o hábito de ordenhar estes animais, comparativamente ao estado desses órgãos nos outros países. Todos os animais domésticos têm, em alguns países, as orelhas pendentes; atribui-se esta particularidade ao fato de estes animais, tendo menos causas de alarme, acabarem por se não servir dos músculos da orelha, e esta opinião parece bem fundada” (p. 24).
Quem se dá ao trabalho de ler a “A Origem das Espécies”, logo de cara tem a impressão de que Darwin era mais lamarckista do que o próprio Lamarck. Sobre esta influência de Lamarck nas idéias de Darwin são pertinentes as opiniões de alguns evolucionistas:
“Ele então flertou com algumas das doutrinas básicas de Lamarck. Se as mônadas mais simples — os blocos de construção da vida — estão emergindo espontaneamente da matéria inorgânica, elas empurrariam a escada rolante para cima. Forneceriam a pressão vinda de baixo, forçando a vida para diante — ou, como rabiscou Darwin, “o mais simples não pode evitar.., tomar-se mais complicado”.
Como na maturação de indivíduos, talvez as espécies ficassem sobre uma escada rolante e fossem carregadas para cima sem esforço. À medida que avançam, as criaturas de baixo sobem para preencher seus sapatos velhos. Ele brincou sobre isso.
Se todos os homens estivessem mortos, então macacos fariam homens. Homens fariam anjos”. Era uma piada com conseqüências terrificantes para a velha elite, pois jogava com uma imagem bestial de origens símias. E demonstra va que esta ascendência não tinha nenhum horror para Darwin” (p.248)
A Vida de um Evolucionista Atormentado: Darwin. Adrian Desmond & James Moore – Geração Editorial. São Paulo, 1995
“Apesar de Darwin ter manifestado, como vimos, aversão às idéias de lamarck, jamais as contestou; pelo menos em seus elementos centrais. Muito pelo contrário: procurou desenvolve-las e sofisticá-las. Isto não pode ser atribuído a uma simples “fase” da vida do mestre. O ‘Origem” nasceu lamarckista e assim permaneceu. Este é um fato que os seguidores de Darwin omitiram deliberadamente.
Algumas pessoas afirmam que Darwin passou a ser lamarckista só no final de sua vida, tentando explicar as variações dos seres vivos. No entanto, a opção não declarada por Lamarck já aparece no rascunho escrito em 1842, assim como no ensaio de 1844.
Como na maturação de indivíduos, talvez as espécies ficassem sobre uma escada rolante e fossem carregadas para cima sem esforço. À medida que avançam, as criaturas de baixo sobem para preencher seus sapatos velhos. Ele brincou sobre isso.
Se todos os homens estivessem mortos, então macacos fariam homens. Homens fariam anjos”. Era uma piada com conseqüências terrificantes para a velha elite, pois jogava com uma imagem bestial de origens símias. E demonstra va que esta ascendência não tinha nenhum horror para Darwin” (p.248)
A Vida de um Evolucionista Atormentado: Darwin. Adrian Desmond & James Moore – Geração Editorial. São Paulo, 1995
“Apesar de Darwin ter manifestado, como vimos, aversão às idéias de lamarck, jamais as contestou; pelo menos em seus elementos centrais. Muito pelo contrário: procurou desenvolve-las e sofisticá-las. Isto não pode ser atribuído a uma simples “fase” da vida do mestre. O ‘Origem” nasceu lamarckista e assim permaneceu. Este é um fato que os seguidores de Darwin omitiram deliberadamente.
Algumas pessoas afirmam que Darwin passou a ser lamarckista só no final de sua vida, tentando explicar as variações dos seres vivos. No entanto, a opção não declarada por Lamarck já aparece no rascunho escrito em 1842, assim como no ensaio de 1844.
Ele começava o ensaio dizendo: “Nos animais, o tamanho, vigor do corpo, o porte, idade da maturidade, características da mente e do temperamento são modificados ou adquiridos durante a vida do indivíduo e tornam-se características hereditárias. Há razões para crer que o grande desenvolvimento muscular adquirido através de um programa de exercícios, ou por outro lado seu atrofiamento pelo desuso, sejam também herdados”” (p.19).
Nélio Marco - “O que é Darwinismo” – Editora Brasiliense, 1989.
”Além disso, o próprio Darwin não negava o lamarckismo, embora o considerasse um meca¬nismo subsidiário da seleção natural em termos evolutivos” (p. 66).
Stephan Jay Gould. “O Polegar do Panda”. Editora Martins Fontes. SãoPaulo, 1989, p. 168.
É isso!
Nélio Marco - “O que é Darwinismo” – Editora Brasiliense, 1989.
”Além disso, o próprio Darwin não negava o lamarckismo, embora o considerasse um meca¬nismo subsidiário da seleção natural em termos evolutivos” (p. 66).
Stephan Jay Gould. “O Polegar do Panda”. Editora Martins Fontes. SãoPaulo, 1989, p. 168.
É isso!
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